quarta-feira, 20 de maio de 2015

Uma sugestão de retorno

- Ou qual deveria ser a marcação do nosso traçado.


A Faculdade de Direito do Recife precisa voltar ao traçado da polka escrita por Tobias Barreto. Com todos os excessos, com todos os descasos, com toda a opulência, com toda a mediocridade, com palavrório e palavrão. Com tantos espaços vazios que mais parecem uma sala sufocada pelo peso do tempo e de tantos adornos performáticos.

Voltar a Tobias é como voltar para o ponto da história no qual a Instituição e a Identidade Humana se confundiram... Sincronia rara. É um ponto genético. Uma grande explosão original. 

O regresso ao patrono é o regresso à dogmática implacavelmente crítica: é a técnica dentro do sistema, dentro das regras do jogo, sem filigranas e pulos de gato absurdos, é o argumento levado às ultimas consequências, é a honestidade para dizer “NÃO!” e só declarar “Sim” no verdadeiro merecimento.

O que é o direito eu não sei... Mas eu sei o que ele não é. O direito não é um jogo de “Calvinball” para ficar mudando de regra ao bel prazer de moleques hiperativos; o direito também não é isso aí que hoje se chama de “pacto da mediocridade”. 

O regresso ao patrono é o regresso à interdisciplinaridade, à poética e à pujança. É o retorno ao humanismo visionário que antecipa e defende todas as causas. 

É o retorno ao trabalho (muito trabalho!) pé-no-chão e o confronto com os próprios fantasmas de nossa pequena grandeza tropical. É "fazer vênia" à Europa ao mesmo tempo em que o espírito se ergue por uma individualidade irrecusável – para depois, sem jogar fora nem negar origem e história, firmar obelisco ideal e construir arabescos nossos e que só serão compreensíveis em nossa realidade. 

Voltando ao Patrono somos capazes de dar resposta às preocupações da geração de 30, 40, 50 até começar o debacle na década de 60... A angústia, a tal angústia que ainda está nos corredores: de ver o Humanismo virando técnica-em-ísmo. É um destino que ficou marcado no livro do mundo, uma espécie de encantamento de uma estória mais contada do que escrita.

É uma bendita maldição: toda vez que se afastar de Tobias, mais e mais como tem feito, a Faculdade de Direito do Recife só vai encontrar isolamento e uma visão em escala de cinza. Vaticínio: são as tais “madeiras de lei” que sustentam o palácio se partindo, numa metáfora de afundamento. Perdição.

Um texto um pouco motivação, um pouco história, um pouco energia, um pouco panfleto, pois sim. E isso basta. 

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